Para
mulheres indígenas, a defesa da cultura alimentar e a demarcação
de suas terras, é fundamental para a garantia do Direito Humano à
Alimentação Adequada destas etnias
A
presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(Consea), Maria Emília Pacheco, abriu a mesa de debates do 1º
Seminário de Mulheres Indígenas e Segurança Alimentar e
Nutricional, na última terça-feira (12), em Brasília.
A
presidenta do Consea destacou que é importante defender o “direito
dos povos indígenas de proteger suas sementes e manter viva a
tradição e cultura alimentar”. Sobre o encontro, Maria Emília
Pacheco disse que a preocupação do Consea surgiu a partir dos dados
do Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição, de 2009.
“O
resultado do 1º Inquérito de Saúde Indígena alertou o Consea. Os
números da saúde indígena no Brasil mostraram 32,7% das mulheres
indígenas grávidas com anemia e isso nos preocupou porque anemia se
manifesta quando a alimentação não é adequada”, explicou a
presidenta do Consea.
Durante
o debate, representantes de cada região do Brasil apresentaram as
prioridades das suas comunidades. A representante da região Norte,
Iranilde Barbosa, da etnia Macuxi, demonstrou preocupação em
relação a qualidade dos alimentos consumidos pela nova geração
nas aldeias.
“Infelizmente,
o contato com a sociedade envolvente trouxe várias mudanças no
hábito alimentar dos povos indígenas e trouxeram vários problemas
a nossa saúde. É preciso mudar nossos hábitos alimentares de
acordo com a cultura de cada povo. Substituir industrializados por
alimentos naturais. Antigamente, a comida era muito natural. Não
havia açúcar nem sal.”, disse Iranilde.
Maria
da Conceição, representante da Associação dos Povos Indígenas do
Nordeste (Apoine), também demostrou preocupação com a mudança dos
hábitos alimentares nas comunidades. “O que nos alimenta hoje nem
de longe é o que nos alimentava antigamente. Sentimos falta dos
nossos alimentos: caça, peixe, farinhas - mas sentimos falta mais do
nosso território”, disse Maria da Conceição.
A
representante do Centro-Oeste, Léia Aquino, disse que a falta de
espaço para o cultivo afeta a produção. “O prejuízo maior é
estar perdendo a alimentação que a gente tinha. O que a gente tem é
alimentação comprada. Perdemos muito o que os nossos pais
plantavam. São pouquíssimas pessoas que plantam. Não temos terra
suficiente para produzir nossa alimentação”, explicou Léia
Aquino.
Sandra
Regina, representante da região Sudeste, também destacou que a
maior dificuldade nesta área é a questão da demarcação de terras
já que cerca de 27 aldeias estão dentro do Parque Estadual. No
parque, não é permitido caçar, nem retirar matéria-prima. Sandra
Regina disse ainda que “gostaria de ter ajuda na região para
desenvolver plantio mesmo em território pequeno”.
A
representante da região Sul, Brasília Freitas, disse que “é
muito importante a produção nas áreas demarcadas mas falta apoio”.
Brasília Freitas destacou ainda a importância que iniciativas do
governo, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), são
muito importantes para a região, assim como o fortalecimento da
agricultura ecológica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário