16 novembro 2013

Seminário defende direitos de mulheres indígenas

 
Para mulheres indígenas, a defesa da cultura alimentar e a demarcação de suas terras, é fundamental para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada destas etnias
A presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Maria Emília Pacheco, abriu a mesa de debates do 1º Seminário de Mulheres Indígenas e Segurança Alimentar e Nutricional, na última terça-feira (12), em Brasília.
A presidenta do Consea destacou que é importante defender o “direito dos povos indígenas de proteger suas sementes e manter viva a tradição e cultura alimentar”. Sobre o encontro, Maria Emília Pacheco disse que a preocupação do Consea surgiu a partir dos dados do Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição, de 2009.
O resultado do 1º Inquérito de Saúde Indígena alertou o Consea. Os números da saúde indígena no Brasil mostraram 32,7% das mulheres indígenas grávidas com anemia e isso nos preocupou porque anemia se manifesta quando a alimentação não é adequada”, explicou a presidenta do Consea.
Durante o debate, representantes de cada região do Brasil apresentaram as prioridades das suas comunidades. A representante da região Norte, Iranilde Barbosa, da etnia Macuxi, demonstrou preocupação em relação a qualidade dos alimentos consumidos pela nova geração nas aldeias.
Infelizmente, o contato com a sociedade envolvente trouxe várias mudanças no hábito alimentar dos povos indígenas e trouxeram vários problemas a nossa saúde. É preciso mudar nossos hábitos alimentares de acordo com a cultura de cada povo. Substituir industrializados por alimentos naturais. Antigamente, a comida era muito natural. Não havia açúcar nem sal.”, disse Iranilde.
Maria da Conceição, representante da Associação dos Povos Indígenas do Nordeste (Apoine), também demostrou preocupação com a mudança dos hábitos alimentares nas comunidades. “O que nos alimenta hoje nem de longe é o que nos alimentava antigamente. Sentimos falta dos nossos alimentos: caça, peixe, farinhas - mas sentimos falta mais do nosso território”, disse Maria da Conceição.
A representante do Centro-Oeste, Léia Aquino, disse que a falta de espaço para o cultivo afeta a produção. “O prejuízo maior é estar perdendo a alimentação que a gente tinha. O que a gente tem é alimentação comprada. Perdemos muito o que os nossos pais plantavam. São pouquíssimas pessoas que plantam. Não temos terra suficiente para produzir nossa alimentação”, explicou Léia Aquino.
Sandra Regina, representante da região Sudeste, também destacou que a maior dificuldade nesta área é a questão da demarcação de terras já que cerca de 27 aldeias estão dentro do Parque Estadual. No parque, não é permitido caçar, nem retirar matéria-prima. Sandra Regina disse ainda que “gostaria de ter ajuda na região para desenvolver plantio mesmo em território pequeno”.
A representante da região Sul, Brasília Freitas, disse que “é muito importante a produção nas áreas demarcadas mas falta apoio”. Brasília Freitas destacou ainda a importância que iniciativas do governo, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), são muito importantes para a região, assim como o fortalecimento da agricultura ecológica.


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